
Por Verônica Portugal
A IA invadiu a nossa rotina, e consequentemente, passamos a adotar uma nova forma de comunicação. O prompt é quase como um novo idioma, uma forma de linguagem específica usada no contexto da IA. A mind the product a discussão sobre a engenharia de prompts e como ela está alterando a nossa forma de comunicação no ambiente de trabalho.
O que é um prompt? O prompt não é só uma frase solta. Ele é uma instrução, um comando. Nele, você precisa informar e definir o que você espera que a máquina faça. Pode parecer óbvio, mas isso muda bastante a forma como pensamos e raciocinamos para nos comunicar.

Quando estamos falando com uma pessoa nem sempre deixamos o nosso objetivo tão claro na fala. E tudo bem até certo ponto - afinal, uma pessoa é mais capaz de captar nuances, segundas intenções ou sutilezas que vão além das nossas palavras. Mas por outro lado, ao deixar a objetividade em segundo plano, podemos acabar sendo também prolixos ou menos assertivos na comunicação.
Porque é nesse caso que a comunicação orientada por prompt acaba sendo um pulo do gato que pode nos ajudar muito no contexto do trabalho. Como discutiu a mind the product, ao escrever um bom prompt, você está praticando as mesmas habilidades que bons comunicadores usam todos os dias no trabalho: definir contexto, estabelecer metas, tornar suposições explícitas e manter as coisas concisas.
“Melhores prompts levam a um pensamento mais claro. Um pensamento mais claro leva a uma comunicação melhor. As duas habilidades se reforçam mutuamente. Bons prompts se tornam um hábito, e esse hábito aprimora a forma como você se comunica com equipes, stakeholders e usuários.”
Isso tem tudo a ver com a gente. Aqui na No One, estamos desenvolvendo a Looma, uma plataforma de IA para Customer Intelligence que transforma a voz do cliente em inteligência estratégica. Participar desse desenvolvimento tem ajudado os nossos times a praticar objetividade e precisão na comunicação dos prompts e a identificar desafios em que a IA é mais bem-vinda. Ao mesmo tempo, com a aplicação da Looma, abrimos mais espaço e tempo para os momentos contextuais onde o ser humano brilha, quando precisamos ler sutilezas, por exemplo.
Sempre procuramos olhar os diversos lados das questões que se apresentam pra gente. Quando falamos sobre o quão bem nos comunicamos, o contexto muda tudo. A comunicação orientada por prompt, econômica e otimizada, faz todo sentido quando o contexto pede objetividade. Mas esse não é o único contexto que experienciamos nas nossas vidas - seja no trabalho ou fora.
Às vezes, a conversa pede espaço para divagar, para falar sem saber exatamente onde se quer chegar, para incertezas, ou para apenas expressar um sentimento, sem um objetivo específico de sair do ponto A e chegar até o ponto B. É por isso que o fator humano não pode desaparecer da nossa comunicação. Aliás, nem no ambiente de trabalho, e muito menos fora dele - como brincou o Porta dos Fundos nesse vídeo
Os processos de geração de ideias e de criatividade se alimentam também das incertezas, das pausas e dos respiros para pensar, ou daquela frase pela metade que é completada pelo colega. Existe utilidade e valor nisso também. Daí se faz a importância de olharmos criticamente para o peso que damos à comunicação orientada por IA no nosso dia a dia.
No nosso novo report 'Sistema de Consumo', a gente discute essa e outras formas de como a IA, a tecnologia e outras grandes forças motrizes do nosso tempo moldam e mudam o comportamento humano, e como o comportamento humano muda essas coisas de volta. Precisamos refletir sobre como podemos responder criticamente a essas forças, nos tornando menos espectadores passivos e mais agentes ativos desse processo de transformação.
Como estamos moldando nossa comunicação depois das interações com IA? Estamos conseguindo criar elasticidade e leitura de contexto para nos adaptarmos a diferentes contextos de fala e escuta? Estamos sendo objetivos quando precisamos, mas também deixando respiros de incerteza e sutileza?